Artigo publicado no Jornal STOP, edição 26
Norberto R. Keppe,
extrato do livro A Libertação
Nós já nascemos obnubilados, com uma dificuldade muito grande em ver a realidade.
Deste modo, temos de muito cedo ser orientados, seja pelos pais, professores ou principalmente através da experiência, se quisermos ser razoavelmente sãos. No entanto, temos de cuidar sempre contra a eterna tentativa que realizamos para alterar a verdade.
Desde que nascemos temos a extrema pretensão de criar uma nova realidade, um novo universo, onde imperaríamos como deuses, substituindo tudo o que existe, pelo nosso devaneio.
Assim, chegamos a pensar ser possível viver conforme a fantasia que idealizamos – a tal ponto que chegamos a assumir a figura de um personagem passado, mas sempre de uma grande figura: Napoleão, Luiz XV, ou melhor ainda, Jesus Cristo, ou o próprio Deus de preferência.
E esta soberba é a causa de nossa psicopatologia tão desejada e venerada pelos homens.
Por que os indivíduos muito doentes são tão procurados e admirados? Assim foi Hitler, Stalin, assim é amado na literatura um visionário como Dom Quixote de La Mancha.
Esta é a grande doença do homem, a sua ambição desmedida, de se fazer um novo criador, “recriando” tudo e todos, mormente a si mesmo – mas numa posição divina e jamais humana. E, através de sua exaltação descontrolada, cai no mais baixo nível, assumindo a conduta dos seres inferiores, os animais e até as plantas (pelo vegetatismo).
O ser humano admira-se continuamente de suas atitudes errôneas (quando as percebe), acreditando que é muito são e, de vez em quando, torna-se doente. Dificilmente, admite que já criou um hábito alienante, que o torna inveteradamente patológico. E a esta atitude básica não renuncia de jeito algum. A tensão não existe por si, mas somos nós que nos tensionamos, pela barreira que formamos aos sentimentos e ao próprio modo de pensar – devido ao eterno desejo de recriar o próprio sentimento e pensamento.
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